ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 30.06.1994.

 


Aos trinta dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Segunda Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às dezessete horas e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o centésimo aniversário da Sociedade Espírita Allan Kardec, de acordo com o Requerimento nº 97/94 (Processo nº 742/94) de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. Compuseram a Mesa: o Vereador Airto Ferronato, 1º Vice-Presidente desta Casa no exercício da Presidência, o Senhor Dorval Pereira da Silva, Presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec, o Vereador Henrique Fontana, representando o Senhor Prefeito Municipal, o Senhor Agenor Casaril, representante da Procuradoria Geral de Justiça, o Desembargador Moacir Danilo Rodrigues, representante do Tribunal de Justiça do Estado. A seguir, o Senhor Presidente convidou todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, concedendo, logo após, a palavra aos Vereadores para se manifestarem sobre a presente homenagem. O Vereador Nereu D’Ávila, como proponente e em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PP, PPS, PSDB, e PC do B discorreu sobre a fundação da Sociedade Espírita Allan Cardec, comentando a importância do trabalho social dessa entidade e do desenvolvimento espiritual dos seres humanos que se encontra em descompasso com o desenvolvimento tecnológico atingido pela humanidade. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, congratulou-se com os membros da Sociedade Espírita Allan Kardec, reportando-se à importância da reflexão propagada por essa entidade em um momento em que a sociedade volta-se para valores eminentemente materiais. O Vereador Henrique Fontana, em nome da Bancada do PT, disse que, apesar de não ter se aprofundado na doutrina espírita de Allan Kardec, reconhece a importância social do trabalho desenvolvido pela Sociedade Espírita Allan Kardec, ressaltando que o homem é o resultado de um somatório de experiências. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, declarou ser de grande relevância a homenagem que ora se presta à Sociedade Espírita Allan Kardec, ressaltando a importância da doutrina deste espiritualista na retomada da solidariedade entre os homens. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, destacou a importância desta homenagem que a Casa presta à Sociedade Espírita Allan Kardec, dizendo que na doutrina cardecista encontrou respostas para alguns problemas da humanidade. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Dorval Pereira da Silva que agradeceu a presente homenagem, dizendo que este ato demonstra o grande senso de justiça desta Casa. Também, teceu considerações sobre a doutrina de Allan Kardec. Ainda, durante a Sessão, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, das Senhoras Dalva Montano e Zelni Celene, respectivamente, 1ª e 3ª Vice-Presidentas da Sociedade Espírita Allan Kardec, e dos Senhores Luiz Santos e José Schmidt, respectivamente, 1º e 2º Tesoureiros, bem como de Diretores, associados e amigos da Sociedade Espírita Allan Kardec. Às dezoito horas e cinqüenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da Comissão Representativa, na próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e Secretariados pelo Vereador Nereu D’Ávila, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Nereu D’Ávila, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene que se destina a homenagear os 100 anos da Sociedade Espírita Allan Kardec.

Convidamos para fazer parte da Mesa o Exmo. Sr. Dorval Pereira da Silva, Presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec; o Exmo. Sr. Ver. Henrique Fontana, representante do Prefeito Municipal; o Exmo. Sr. Dr. Agenor Casaril, representante da Procuradoria-Geral da Justiça; o Exmo. Sr. Desembargador Moacir Danilo Rodrigues, representante do Tribunal de Justiça; Senhoras, e Senhores, nós queremos registrar a nossa satisfação em presidir esta Sessão e de tê-los conosco, e iniciar esta atividade cumprimentando essa Entidade pelo trabalho que vem desenvolvendo em nossa Cidade.

Convidamos a todos, para em pé, ouçamos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Nós queremos informar aos Senhores e Senhoras presentes que esta Sessão Solene é de iniciativa do Ver. Nereu D’Ávila e foi aprovada por voto unânime dos Vereadores desta Casa.

Com a palavra o proponente desta Sessão Solene, Ver. Nereu D’Ávila, que fala pelas seguintes Bancadas: PDT, PMDB, PP, PPS, PSDB, e PC do B.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Exmo. Sr. 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Airto Ferronato, presidindo esta Sessão Solene; Exmo, Sr. Presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec, Sr. Dorval Pereira da Silva; Exmo. Sr. representante do Prefeito Municipal, Ver. Henrique Fontana; Exmo. Sr. representante da Procuradoria-Geral de Justiça, Dr. Agenor Casaril; Exmo. Sr. representante do Tribunal de Justiça, Desembargador Moacir Danilo Rodrigues; Exmas. Sras. Vice-Presidentes da Sociedade Allan Kardec. Minhas Senhoras, Meus Senhores. Quando há 100 anos Joaquim Xavier Carneiro, Carlos Ferrari e sua esposa Mercedes Ferrari, Olavo Ferreira e Carlos Pareta, que simbolizam aqueles que fundaram um grupo espírita que denominaram Allan Kardec, hoje Sociedade Espírita Allan Kardec, não imaginavam que estivéssemos hoje aqui reunidos para comemorar esse centenário. Exatamente no dia 13 de julho de 1994, portanto, daqui a treze dias completará esta benemérita Sociedade Espírita um século de vida. Joaquim Xavier Carneiro, que era carioca, certamente, em 13 de julho de 1894, não imaginava que estava detonando uma das mais belas e caras casas de espiritualidade da República do Brasil e a mais proeminente das casas espíritas do Estado do Rio Grande do Sul. Imaginem que em 13 de julho de 1894, recém era proclamada a República, e quantas coisas aconteceram nesses cem anos: duas guerras mundiais permearam 1894 a 1994; o homem chegou à lua. A era tecnológica hoje nos dá uma amplitude da Copa que acontece nos Estados Unidos, como se estivesse dentro de nossas casas, com cores maravilhosas, via satélite. Na verdade, esta conquista tecnológica e todo esse avanço em determinados setores da natureza humana, não trouxeram o acompanhamento e o desenvolvimento espiritual do homem. Se houve aperfeiçoamento físico, material e tecnológico, não esteve em consonância com o aperfeiçoamento que deveria ter tido o homem nestes cem anos, tanto que, ainda agora, se sucedem horrores em determinados países e malquerenças, devastações de vidas e desentendimentos que chegam ao tresloucado morticínio em diversas partes do planeta. Aquele que leva o nome da sociedade, na metade do século passado, exatamente em 1850, na França, Allan Kardec (chamava-se Leon Hipolité Denizard du Rivail) ao fazer a codificação do espiritismo, a terceira revelação, quis, através dessa doutrina ajudar, para que aquilo que o homem tem de instintivo, tem de malévolo, dentro do seu ser, pudesse ser aperfeiçoado dentro daquela visão que Allan Kardec denominou de a terceira revelação. Surgiu com ele, através de batidas, através da comunicação com os espíritos, na metade do século passado, nos arredores de Paris, aquilo que é a essência da doutrina espírita, a reencarnação, a comunicação com os espíritos. Imaginem se essas cinco pessoas, que repito o nome porque foram os fundadores do Allan Kardec: Joaquim Xavier Carneiro, Carlos Ferrari e Mercedes Ferrari, Olavo Ferreira e Carlos Pareta, aqui em Porto Alegre, em 1894, dizendo e acreditando na reencarnação. Quanta polêmica devem ter causado, porque até há pouco tempo, não faz muito, ainda na minha infância eu recordava como era encarado esse tipo de coisa: como bruxaria, como questões de menor porte moral e tantos outros epítetos em relação a essa doutrina. Isso não faz muito, faz trinta, quarenta anos. Agora amainou, porque o desenvolvimento da mentalidade dos homens nos deu uma clareza de que tudo é possível. Depois de Einsten e da Teoria Quântica, depois da conquista da Lua, não há mais nada que se possa duvidar ou se deixar de, pelo menos, respeitar. Então, nesta plêiade de fundadores de 1894, salve eles que fundaram esta bem-amada doutrina! Doutrina esta que, como Calvino, desbordou daquilo que se queria impingir como um dogmatismo intransponível nas mentes humanas, e cuja inteligência de homens do porte de Allan Kardec não se subjugaram. Calvino ou Allan Kardec, ambos trouxeram uma nova visão para a humanidade, de que as questões não são fechadas, não são absolutas, não são dogmáticas. As questões têm que ser abertas, transparentes,  translúcidas, e todos nós temos o direito de optar por aquilo que melhor nos vem fazer, por aquilo que melhor nos possa proporcionar o nosso bem-estar de alma, o nosso bem-estar de espírito. Respeitam-se todos aqueles que pensam em contrário, mas também pedem respeito àqueles que acreditam na comunicação dos espíritos, que acreditam que esta vida é apenas um patamar de aperfeiçoamento num planeta atrasado, de provas e de expiação, como disse Allan Kardec no seu famosíssimo “O Evangelho, Segundo o Espiritismo”. Respeite-se aqueles que acreditam que a comunicação com as  entidades superiores é uma forma de manifestação à lei terrestre, de que os corpos físicos que dispomos são apenas veículos de aperfeiçoamento de uma vida espiritual que, vindos de planetas mais atrasados, ainda aqui atrasados, mas com provas, para que depois em outras vidas tenham, através do aperfeiçoamento do espírito, oportunidade de viver em mundos melhores. Foi Jesus quem disse: Há muitas moradas na Casa de meu Pai”. A tradução que Allan Kardec faz dessa lapidar frase é que “temos que aperfeiçoar nossos espíritos para encontrarmos as bem-aventuranças de um plano espiritual superior”. As lições encontradas nesta doutrina são imensas. Não encontro um espírita que não tenha, no seu ser, o paradigma da humildade, da compreensão e da caridade. O princípio da caridade é também princípio básico do espiritismo de Allan Kardec. É difícil encontrar um espírita com soberba.

Minha mãe, que hoje lamento que não esteja aqui, porque ela trabalha no Allan Kardec e veio lá do Luz e Caridade, um humilde centro que ela e meu pai- já falecido - ajudaram a fundar em Soledade há muitos anos, ela nunca esmoreceu sua vivência e convivência com essa doutrina. Agora mesmo, continua no Núcleo nº 1, dando, todas as terças-feiras, sua contribuição. Lamenta ela e lamento eu que ela não possa estar aqui hoje para conviver com a alegria da comemoração dos 100 anos desse querido Allan Kardec, que tantos serviços tem prestado na Andrade Neves, onde está implantado há 48 anos, depois de passar por alguns outros endereços no Centro da Cidade. Há quase meio século está ali, agora já com seu Núcleo nº1 também servindo, pois lá o espaço já estava pequeno. E também com a construção já há mais de um ano que será, como tantas obras espíritas espalhadas por este Brasil, a Casa do Idoso, na Tristeza, fruto do denodo, do esforço, da esperança e do sonho daqueles que querem ajudar a colaborar com um dos setores mais desamparados e desprotegidos da Nação, que são os da terceira idade. Então, essa obra de benemerência será um dos coroamentos deste centenário de Allan Kardec. Organizadíssimo é o Allan Kardec, há quarenta e dois anos publica o periódico “Luz de Damasco”. Haja persistência, quanta dedicação!

Que maravilha ter vocês aqui conosco na Câmara Municipal de Porto Alegre, que pretende ser a síntese da Cidade, porque aqui estão trinta e três representantes de todos os segmentos e de todas as camadas da sociedade porto-alegrense. Que beleza, vocês vieram representando os milhares de pessoas que, anualmente, vão naquele famoso endereço da Rua Andrade Neves em busca de caridade, ou, apenas, em busca de um passe que diminua suas angústias, suas crises existenciais. Somente aqueles que convivem com essa doutrina maravilhosa podem avaliar a essência, a maravilha da convivência com pessoas espíritas. Eu, que sou produto desta convivência, posso testemunhar de ser este produto. Mas como diz Allan Kardec, nas suas obras, e, principalmente no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, recordo os capítulos e versículos do Primeiro Testamento, representado e personificado por Moisés, e o Novo Testamento, personificado por Jesus Cristo, tendo a pretensão de ser a terceira revelação, através da Doutrina Espírita. Dessas páginas e desses ensinamentos, que todas as gerações através dos séculos conseguiram assimilar, tendo algumas delas incrustadas na mente, desde a infância, como por exemplo, a parábola do semeador que serve como uma luva para todos nós. Este, saindo para semear, lançou suas sementes em terras que não eram profundas, veio o sol e as secou; lançando as sementes junto aos pedregulhos, feneceram, porque não havia húmus que as sustentassem; lançando na beira da estrada a sua semente, vieram os pássaros e as comeram, porque não haviam penetrado; mas, finalmente, lançando, o semeador, a sua semente em terra fértil, ali deu 30 por um, 60 por um e 100 por um.

Essa é a parábola do semeador, e é isso que faz esse maravilhoso Allan Kardec, ao longo desses 100 anos, lançando as sementes nas almas, sendo que muitas delas foram lá apenas para servir-se da doutrina e nada fizeram, porque não entendiam a sua profundidade. Caindo a semente em outras, ficaram agradecidas, mas não retribuíram. Finalmente, caindo a semente em almas que compreenderam a quantificação espiritual que representava a mensagem de Cristo, através do Centro Espírita Allan Kardec, recolheram aquela benfazeja lição, saindo a espargir para os seus semelhantes aquilo que aprenderam na doutrina, espalhando a cada um dos seus semelhantes o que de bom colheram. Estes sim, como a semente e o semeador, produziram mais 30, 60 ou 100 bens em prol dos seus semelhantes. Também acontece no “Evangelho Segundo o Espiritismo”. De Allan Kardec, que leva o título desse Centro que comemora hoje o seu centenário. Devemos recordar que quando os fariseus, que eram os doutores dos judeus, mas que não gostavam de Cristo, lhe apresentaram uma mulher, dizendo ao Mestre que havia sido apanhada em adultério, invocaram a lei mosaica de “dente por dente, olho por olho”, querendo que ela fosse exposta à violência física. E Cristo, olhando, perguntou: “Aquele que dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra”. Jesus Cristo voltou-se novamente para a areia onde desenhava e, ao voltar-se, estava somente ela, a adúltera. “Onde estão eles?” Perguntou, Cristo. Ela respondeu: Foram-se, Mestre”. E ele disse: Ide em paz e não pequeis mais”. Aí está a lição, Dr. Moacir, ilustre Procurador, que são os homens da Justiça que aqui a representam. Aí está a magnitude, não julgueis para não serem julgados, porque só aqueles que convivem legitimamente com as leis têm este direito. Nós, outros, não temos que julgar os nossos semelhantes. Nós, outros, temos que ter a humildade, aliás, um princípio basilar do Espiritismo, que são: a humildade e a caridade. A nós, outros, não cabe julgar os nossos semelhantes; a nós, outros, cabe plantar a semente do bem, do amor. E é por isso, meu amigo e grande Presidente Dorval, homem que vem comandando com a sua lucidez, com a sua tranqüilidade, com a sua mansuetude, que Jesus já dizia: “Bem-aventurado os mansos, porque deles será o reino dos céus”. Ao Sr. Dorval, que é o símbolo deste querido Allan Kardec, em suas mãos eu deposito simbolicamente a homenagem desta Câmara, muito mais do que 100 anos que representam uma história de dedicação, de humildade, de resgate do bem a todos os porto-alegrenses, muito mais do que os 100 anos, aí está um repositório do amor ao próximo e daquilo que é o mais basilar de todos os conteúdos humanos, que é amai-vos uns aos outros”. Ilustre Sr. Dorval, receba a homenagem desta Câmara, representada por seus trinta e três Vereadores, e como proponente desta Sessão e produto dessa doutrina, eu me honro de poder participar da história desse centro que fica definitivamente na história de Porto Alegre através dos Anais desta Casa. Que o Allan Kardec continue a prestar seus serviços de grande valia, porque a Doutrina Espírita não precisa de homenagens. A Doutrina Espírita não anda atrás dos fulgores das benemerências pessoais. A Doutrina Espírita anda atrás dos espaços que abriu aquele que nasceu numa manjedoura, Jesus Cristo. Hoje, o vigor da nossa homenagem, o sentimento mais alto a quem como os senhores nesses 100 anos, e Joaquim Silveira, cumpriram com esse dever. E que, se Deus quiser, continuarão ao longo dos anos a prestar a esta Cidade, a este Estado, sentimentos mais altos como justiça, humildade e benquerença. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da Sra. Dalva Montano, Primeira Vice-Presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec; da Sra. Zelni Celene, Terceira Vice-Presidente; Dr. Luiz Santos, Primeiro Tesoureiro; Sr. José Schmidt, Segundo Tesoureiro, entre Diretores, associados, amigos da Sociedade Espírita Allan Kardec. Também registramos a presença do Ver. Giovani Gregol.

O Ver. Jocelin Azambuja, fala em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Saúda os componentes da Mesa.) Foi muito feliz o nosso estimado Ver. Nereu D’Ávila ao propor esta homenagem a este grande Centro Espírita, que é o nosso Allan Kardec. É importante  esta homenagem da Cidade de Porto Alegre nesses 100 anos que Allan Kardec faz, porque precisamos aproveitar todos os momentos para fazermos reflexões importantes.

Eu me criei com o meu pai kardecista, que representava a nossa sociedade espírita no Nonoai, na Federação Espírita. Passava todas as semanas no Allan Kardec para tomar um passe, um hábito que conservamos há mais de 30 anos, porque ali a gente se tranqüiliza, se acalma, recebe aquela mensagem sempre positiva, sempre tranqüila de paz e de amor. Mas acostumei também, toda a vez que tenho que me manifestar, adotar um princípio que meu pai sempre adotava. Ele pegava uma obra evangélica, escolhia uma página e pregava. Assim eu fiz, quando assumimos no ano passado.

Esta Casa fez uma homenagem ao nosso querido Divaldo Pereira Franco, dando-lhe o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, e tive a felicidade de abrir uma página do Livro dos Espíritos de Allan Kardec, e ali falava do bem e do mal. Ora, o que eu queria falar para o homenageado Divaldo Pereira Franco? Só mesmo Allan Kardec poderia fazer isso por mim, e ele o fez. E consegui transmitir algumas palavras a Divaldo e homenageá-lo, porque realmente ele representa, na minha visão, a permanente luta do bem e do mal. E hoje, nessa correria da vida do político, que tem que atender a todos os que procuram e buscar as soluções de todos os problemas, vim para a Sessão e pensei: “o que eu vou falar para homenagear os 100 do Allan Kardec?” Então, havia na Mesa o Livro Consolador, do Emanuel, e eu estava vendo algumas coisas que eu pudesse colocar como uma mensagem para nossa reflexão. Na definição diz: “Apresentando o espiritismo, na sua feição de consolador, prometido pelo Cristo, três aspectos diferentes: científico, filosófico, religioso. Qual desses aspectos é o maior? Podemos tomar o espiritismo, simbolizando desse modo como um triângulo de forças espirituais. A ciência e a filosofia vinculam a terra essa figura simbólica, porém a religião é o ângulo divino que liga ao céu. No seu aspecto científico e filosófico a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza intelectual, que visam o aperfeiçoamento da humanidade. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.” Esta é a introdução, e dentre as várias perguntas e respostas - que são ao todo 411 - abri uma página e vi uma mensagem que acho que pode simbolizar alguma coisa nessa nossa reunião. E a pergunta dizia: Há uma tarefa especializada da inteligência na ordem terrestre?” E a resposta: “Assim como numerosos espíritos recebem a provação da fortuna, do poder transitório e da autoridade, há os que recebem a incumbência sagrada, em lutas expiatórias ou em missões santificantes, de desenvolverem a boa tarefa da inteligência em proveito real da coletividade. Todavia, assim como o dinheiro e a exposição do real em sessão, em ambientes de luta, onde todo o êxito espiritual se torna mais porfiado e difícil, o destaque intelectual, muitas vezes, obscurece, no mundo, a visão do espírito encarnado, conduzindo à vaidade injustificável, onde as intenções mais puras ficam aniquiladas”.

Nós vivemos, hoje, um momento extremamente difícil na nossa sociedade. Lamentavelmente, nós, pelas nossas franquezas, valorizamos, de uma forma global na nossa sociedade, os nossos aspectos pequenos: a vaidade, a cobiça.

Até ontem eu via isto como uma piada. Dizia assim: o que é mais fácil? É ser esperto ou é ser bobo? É ser bobo, porque esperto já tem demais.

As palavras nos dizem coisas maravilhosas. As pessoas usam as palavras, dizem e pregam coisas maravilhosas. Mas saem dos seus templos, de suas casas de reuniões, e já começam a praticar tudo aquilo que não deveriam praticar. Esta é a natureza humana que anda por aí e que tem feito este mundo tão infeliz. Esta imperfeição do ser humano é que tem nos feito sofrer tanto.

Nós estamos aqui, numa Casa política, e a imagem dos políticos está extremamente desacreditada pela sociedade, porque grande parte deles não soube valorizar os aspectos positivos da sua formação. Aí nós vamos para o Judiciário e encontramos problemas semelhantes: doutores juízes, com belas sentenças, mas que, às vezes, na sua prática diária, não executam tudo aquilo que pregam. No Poder Executivo, também, nos chocamos quando se fala nas crianças desamparadas, nos meninos e meninas de rua e, na prática, muito pouco se faz por todos. Muito se usa toda a estrutura que aí está e se mantêm as pessoas nas ruas e se mantêm as pessoas como estão para se justificar que outros possam se aproveitar disso. E aí nós temos que parar para refletir sobre os ensinamentos que Allan Kardec nos lega, ensinamentos espirituais maravilhosos, o aperfeiçoamento do ser humano, uma preparação para o momento mais importante da sua vida. Agora, nós precisamos fazer desses ensinamentos a prática permanente, em todos os momentos, nos nossos lares, nas nossas atitudes, no nosso trabalho, em qualquer lugar em que estivermos, nas nossas comunidades. Precisamos fazer a prática desses atos, fazer com que o ser humano se aprimore e cresça. O espiritismo tem conseguido trazer esta luz. É por isso, cada vez mais, o espiritismo tem avançado, a doutrina espírita cresce por um processo de aprofundamento, de discussão, de humildade em que todos são envolvidos, mas nós temos consciência de que temos que fazer muito mais, é muito pouco o que nós praticamos, é muito o que discursamos. Esta é a grande realidade que eu convivo no dia-a-dia, em todos os setores da sociedade, em todos os setores deste mundo. Se vamos aos países desenvolvidos, observamos eles falarem tão bem dos pobres, mas jamais permitem que os pobres se desenvolvam; se vamos ver os nossos governantes, falam das dificuldades do povo, mas não investem no bem do povo e deixam a educação e a saúde relegadas a um segundo plano. Ora, como um povo pode se desenvolver sem saúde e educação, como um povo pode crescer? Então, é muito importante que se reflita este momento de prestar esta homenagem ao Allan Kardec, porque o Allan Kardec é um pouco de cada um de nós, é um pouco daqueles que acreditam no bem, é um pouco de todos aqueles que querem usar a sua inteligência, como diz aqui o Emanuel, para a coletividade, para o bem comum, para o crescimento, e é isso que precisamos fazer, que precisamos praticar, e é isso que precisamos divulgar com os nossos atos. Nós precisamos estar conscientes da responsabilidade que temos de nos prepararmos para constituirmos gerações melhores, mais espiritualizadas, menos materialistas, menos impregnadas de sentimentos pequenos e mais fortes no seu ânimo, no seu desejo de uma humanidade realmente melhor. Precisamos praticar a Doutrina Espírita. Precisamos praticar os ensinamentos de Allan Kardec em todos os momentos, em todas as circunstâncias. Agora, temos que fazer com que todos que saírem ali de dentro do Allan Kardec continuem praticando os ensinamentos que ele nos deu.

Parabenizo nosso querido Presidente e a todos aqueles que têm dado um pouco de si para que a vida, a passagem de cada um, este momento que aqui estamos, seja efetivamente melhor, e que os nossos espíritos possam realmente ajudar a construir uma sociedade, uma humanidade melhor, assim como o nosso Allan Kardec tem feito com o seu trabalho em benefício da nossa população.

Felicidades, que Deus ilumine a todos nós. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)      

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra em nome da Bancada do PT.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Senhoras e Senhores. Em primeiro lugar, gostaria de falar da minha satisfação de poder conversar com vocês, nesta homenagem, e falar em nome do Prefeito desta Cidade, Dr. Tarso Genro, e também falar em nome do meu partido, Partido dos Trabalhadores - PT.

Em segundo lugar, gostaria de partilhar um sentimento com vocês que muitas vezes tenho tido nesta Casa. Nós somos chamados a falar em situações muito diferentes e hoje, por exemplo, eu ouvia com atenção o Ver. Nereu D’Ávila, que teve a oportunidade de conhecer melhor a doutrina do espiritismo, ouvia o Ver. Jocelin Azambuja, que também teve essa oportunidade, e fiquei pensando em mim, que não partilhei em nenhum momento dessa doutrina. Conheço essa doutrina por leituras, por contatos com amigos, mas não tive a oportunidade de viver essa doutrina. Ao contrário, em alguns momentos, recebi, inclusive, algumas informações negativas, do campo do preconceito, talvez amigos e conhecidos que colocavam as questões de uma maneira pouco respeitosa e, utilizando a palavra correta, preconceituosa. E a convicção que partilho com vocês neste momento é que ao longo da minha vida, cada vez que descobri um preconceito, no dia seguinte sempre descobri que o preconceito é um inimigo da solidariedade e que o preconceito é um inimigo de uma sociedade justa, fraterna, onde as pessoas sejam felizes. E um dos grandes desafios que a humanidade tem, hoje, é o de não apostar em verdades definitivas, de não apostar nos caminhos de muitos que se dizem donos de uma verdade e de uma possibilidade para a humanidade. Ao contrário, a humanidade tem muitas possibilidades e o homem tem muitas dimensões nas quais ele precisa se desenvolver. O homem não é um ser exclusivamente político; o homem não pode ser reduzido a um ser que veio a terra para trabalhar; o homem não pode ser reduzido a um ser que veio a terra para consumir; o homem não pode ser reduzido a um ser que veio a terra para trabalhar exclusivamente o campo material. Ao contrário, o homem é o somatório de muitas experiências e ele precisa ser construído no respeito às mais diferentes visões de cada uma das pessoas que, de uma maneira ou de outra, encontram caminhos de construir um objetivo único. Até hoje não ouvi nenhuma pessoa que me dissesse que não quer ver a humanidade mais feliz. Existem muitas pessoas que não contribuem para isso, isso é verdade, precisa ser dito. Às vezes, por engano; às vezes porque não descobrem o melhor caminho de contribuir para a construção de uma humanidade mais solitária e mais feliz; outras vezes, quem sabe, porque não queiram isso. Quando terminamos de cantar o Hino Nacional e quando a gente diz “pátria amada, Brasil” todas as pessoas têm um sentimento, sim, de que queremos uma pátria amada por todos os brasileiros e que ame todos os brasileiros, que ofereça oportunidades a todos os brasileiros de se realizarem plenamente, como escolherem, no caminho que escolherem. Em muitos momentos, a nossa construção dos últimos anos tentou, de alguma maneira, de parte de alguns pensamentos e algumas ações, plantar uma dicotomia que do meu ponto de vista é extremamente falsa e ruim para a sociedade, que é a dicotomia de que os homens devem se preocupar em construir a sua própria felicidade. Diz uma frase simples, que se ouve seguidamente na sociedade: se eu não me preocupar comigo, quem é que se preocupa comigo? Coloca-se isso como uma dicotomia, dizendo que aqueles que buscam a felicidade do coletivo estariam equivocados estariam abrindo mão de ser felizes individualmente. Ao contrário, nenhum ser humano será feliz individualmente, se não viver numa coletividade feliz. Este, para mim, é o grande desafio: o desafio de que a felicidade de cada um de nós, a paz espiritual ou a alegria ou a construção de nossos sonhos nunca serão completos se nós, para construí-los ou para conquistá-los, tivermos que propor a infelicidade de outros. Certamente, não é o caminho que a sociedade deve buscar para se constituir na alternativa que todos nós sonhamos.

Quero transmitir o meu abraço, o meu respeito e, mais do que isto, a minha vontade de que o trabalho executado por vocês todos tenha cada vez mais força. Eu só poderia dizer que, pensando e meditando, o sentimento mais importante que está por trás de todo o trabalho desses cem anos, que o Ver. Nereu D’Ávila colocou, e existe uma palavra chave que, talvez, seja a palavra mais forte que nós precisamos resgatar na nossa humanidade, é a solidariedade. A palavra que diz daquele que não consegue, e que se incomoda, que fica indignado, que não aceita ver um irmão seu passando por uma necessidade porque, quando nós construímos profundamente o sentimento da solidariedade nós superamos a idéia de aceitar com indiferença a dificuldade do outro. Eu, que sou médico, fiquei pensando na minha profissão, nos meus períodos de estudo e nos meus períodos, também, de atuação profissional como médico, e quantas vezes eu ouço colegas, que estudavam comigo, que trabalham comigo, trabalhar com aquela idéia de que talvez a medicina pudesse tudo para curar os homens e nós sabemos que isso não é verdade. Os homens para terem um sentimento pleno de saúde, para terem a plenitude da sua saúde, não precisam só de médicos e da medicina. Na grande maioria das vezes, o médico e a medicina são muito pouco para garantir a saúde da população. Eu acho que todas as pessoas que estão aqui contribuem, de uma maneira ou de outra, para confortar pessoas, para construir aquilo que muito intensamente faz parte da saúde das pessoas, que é o conforto espiritual. E ao contrário de muitos amigos e colegas que, às vezes, ridicularizavam e desrespeitavam a opção das pessoas que encontravam outras formas de buscar a sua saúde, que não exclusivamente a medicina alopática, eu aprendi na Faculdade de Medicina que elas são importantes, sim, mas que devem ser completadas, com outras formas a fim de se encontrar o caminho da cura das pessoas.

Então, partilho esse sentimento com todos vocês e encerro meu pronunciamento parabenizando a todos e pedindo licença para ler aquilo que Dom Mauro Morelli escreveu hoje, no Jornal “Zero Hora”. Ele encerra sua coluna intitulada “Sem fome e sem miséria” com as seguintes palavras: (Lê.) “A exclusão social, econômica e política de um em cada seis seres humanos e a devastação da natureza exigem um novo modelo de desenvolvimento, cujo sentido não seja o progresso a qualquer custo, nem a ganância insaciável a sua medida. O desenvolvimento sustentável será alicerçado nas virtudes da sobriedade e da fragilidade, da simplicidade de vida e da solidariedade. Um novo modelo de desenvolvimento pressupõe não somente a conversão à justiça, mas uma profunda revolução ética, cultural e cósmica”.

Deixo com vocês meu sentimento de que se mais e mais pessoas se envolverem da forma como vocês se envolvem na construção de uma sociedade mais justa, mais digna e que respeite as pessoas, podemos, sim, construir esta Pátria amada que todos nós sonhamos e queremos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra em nome da Bancada do PPR.

 

O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa.) A homenagem é aos 100 anos da Sociedade Allan Kardec, e eu não ousaria, diante de um Plenário tão seleto, tentar falar sobre espiritismo porque todos que aqui estão sabem mais do que eu. Na verdade, temos que falar dos 100 anos da Sociedade Allan Kardec. Cem anos é muito tempo, é pouco tempo, é nenhum tempo, não sei responder. Se eu considerar a criatura humana é muito tempo, se eu considerar a entidade, quanto mais tempo ela tem, mais forte ela fica, diferente da criatura humana. Só sei dizer o que acontece matematicamente, mas não me convenço porque não sei quando começa o tempo, nem quando termina. Sei que para fazer 100 anos o relógio dá 876.600 voltas, também não me diz nada. Se eu não sei medir o tempo como vou incursionar em uma área que é imensamente grande, que é a Doutrina Espírita, não vou fazer isto.

Preciso ressaltar a importância da Sociedade Allan Kardec para a comunidade porto-alegrense, esta onde nós vivemos, esta que representamos nesta Casa, isto precisa ser ressaltado. Vivemos num mundo onde as angústias e os medos, a ansiedade, estão presentes, permanentemente, nos corações, nas nossas vidas, nos sentimos tumultuados, pressionados e parece que nada vai ocorrer, porque não acreditamos mais. Não há mais fé, não há mais Deus, não há mais nada, há só o tempo, e todo mundo corre contra o tempo e contra a própria vida. Aí é que eu entendo a importância da Sociedade Allan Kardec. Ela nos traz de volta que a caridade existe e precisa ser praticada, que a solidariedade humana é indispensável, que não podemos viver independentes uns dos outros, sem nos preocupar com aqueles que nos cercam; nós, nos alimentando bem, enquanto outros passam fome; nós, ganhando bem, enquanto outros ganham mal; nós, cheios de saúde, enquanto outros não têm saúde nenhuma. Não deveria ser assim, mas lamentavelmente é. E, se não é pior, é porque existe uma sociedade como o Allan Kardec, que nos coloca no lugar e diz; “Reflita, pare, pense e encontre a solução”.

Essa Sociedade nos traz, permanentemente, as palavras de Cristo: “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei”. De repente nós pensamos: “Mas é verdade, Cristo me amou e eu não amo nem ao meu irmão, nem a minha mãe; estou tão terrivelmente preocupado comigo, que esqueço que existe o meu semelhante, que existe o meu irmão, o meu filho, o meu pai, o meu amigo, o meu inimigo. Eu me esqueço!”

O homem tem, sem dúvida nenhuma, duas razões de sofrimento: o desejo de ter e o desejo de ser. E, quanto mais o indivíduo deseja ter, mais ele vai sofrer, porque,  por mais que ele tenha, algo haverá, sempre, que adquirir. E, lamentavelmente, muitas pessoas neste mundo sofrem desmesuradamente desse desejo de ter. E não são somente os que têm que querem mais, mais, mais. Também aqueles que tem pouco, mas suficientemente, ficam insatisfeitos, olhando para os lados. Isso é o contrário do que deveria ser: por ter, deveria ter solidariedade e dar; aí, ele seria. E o desejo de ser, que, eu acho, é um desejo maravilhoso: ser útil, ser forte, ser bom, porque ninguém deseja ser bandido; todo o mundo gostaria de ser respeitado.

Então, parece-me que o desejo de ser é o que está lá, na Sociedade Allan Kardec, quando, preocupada com aqueles que lá acorrem, busca a palavra certa, no momento preciso, de que nem tudo está perdido; que há serenidade no mundo, ainda; que há amor, que há carinho, que há sol, que há lua, que vai anoitecer, que vai clarear o dia, e as coisas vão continuar sob a batuta de Deus que sabe o que temos que fazer e como temos que fazer.

Essa caridade, solidariedade, de entidades como esta que hoje homenageamos, também me levaram várias vezes, porque vi prestarem lenitivos espirituais para muitas pessoas, então, levou-me a buscar lenitivo para a minha dor física. Já fui a várias sociedades espíritas, confesso que não encontrei lenitivo para minha dor física. É permanente, são 24 horas por dia. Não encontrei. Mas a verdade, sou obrigado a dizer, mesmo não encontrando, naquela serenidade que me era proporcionada, naquela fala suave, naquela demonstração de amor, carinho, preocupação com o que eu estava sofrendo, saía melhor. Podia, de novo, começar a tentar conviver com aquela dor que me atormenta, que me atormentou mais ontem, e será maior amanhã, mas havia força, porque a entidade dos seus integrantes, com carinho, com amor, com humildade, como muito bem colocaram aqui os que me antecederam - especialmente o Ver. Nereu D’Ávila, promotor desta homenagem muito justa - tem sempre aquela palavra amiga, que nos traz de novo a Terra, ao mundo, que nos faz ver que não é só nós que temos problemas, mas todos têm. Uns têm mais força para resistir e outros menos. Mas todos podem ajudar uns aos outros, sem dúvida nenhuma, não há ninguém que não possa ajudar.

Esta Entidade tem ajudado ao longo de 100 anos. E por isso fiz questão de ficar aqui, hoje, para desejar à sociedade Espírita Allan Kardec, ao seu querido Presidente Dorval Pereira da Silva, que continuem trilhando esse maravilhoso caminho do servir, porque isso é realmente importante. É indispensável que se sirva. Pessoas que aqui estão são capazes de fazer isso melhor, muito melhor do que outros que deveriam fazê-lo por obrigação. Porque os que vão lá na Sociedade de Allan Kardec vão pelo coração, sem nenhuma obrigação de fazer o que fazem, vão por amor e porque acreditam no que disse Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, o Ver. Jocelin Azambuja pede escusas, mas por compromissos anteriores assumidos, ele teve que se retirar antecipadamente.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e fala pela sua Bancada, o PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Senhoras e Senhores, a máxima bíblica diz que os (últimos serão os primeiros e só a sabedoria divina para me salvar dessa hora. Depois de ter ouvido esses pronunciamentos brilhantes e aprofundados dos Vereadores Nereu D’Ávila, Henrique Fontana, Jocelin Azambuja e João Dib, cabe-me manifestar-me em nome do Partido da Frente Liberal, com as limitações que já me são naturais e com a responsabilidade de suceder a essa plêiade de belos pronunciamentos. Neles até encontrei, se não inspiração, pelo menos luzes que certamente haverão de me auxiliar no desenvolvimento dessa missão partidária que prazerosamente aceitei. Com muita propriedade foi dito que, para se conhecer, antes de mais nada, há que se reconhecer, e que para se falar sobre a Sociedade Espírita Allan Kardec, sobre o Kardecismo, fatalmente, necessariamente, teria que se falar sobre a Doutrina Espírita. Isso naturalmente é tarefa desenvolvida com grande facilidade por aqueles mais afeitos, que convivem, que participam mais intensamente, não só comungando da doutrina, mas como da sua prática. Pessoalmente não me incluo entre essas pessoas que têm esse aprofundamento do espiritismo. Mas acredito que não se precisa conhecer muito do espiritismo para saber da sua importância. Eu, em Allan Kardec encontrei três sínteses da Doutrina Espírita que fatalmente me colocam à vontade para dizer que, se ela eu não pratico, pelo menos a ela tenho que respeitar, porque se funda em verdades que são capazes de persistirem ao longo do tempo como verdades não-refutáveis, porque fruto de todo um crescimento humano que se espelha naquelas verdades que os espíritos mais elevados são capazes de concluir. É lógico que na primeira máxima do espiritismo eu me integro por inteiro, até porque acho que essa divisa deveria deixar de ser a divisa da Doutrina Espírita para ser a divisa da vida em sociedade, da vida como ser humano, da coexistência social, do dia-a-dia de cada um. É lógico que me refiro àquela máxima maior da Doutrina Espírita que diz que fora da caridade não há salvação. Por isso eu cogito que as demais verdades espíritas que Allan Kardec resumiu só podem desenvolver mais o raciocínio. “Nascer, morrer, renascer, ainda e progredir sem cessar, tal é a lei. Não há fé fundamental inquebrantável senão aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade”. Nessas verdades, que são os aríetes pelos quais os espíritos enfrentam os descrentes, os intolerantes, a todos aqueles que no obscurantismo, por muito tempo, tentaram transferir para a Doutrina Espírita características que não têm, até por preconceito. Essas verdades fazem com que uma pessoa como eu que, confessadamente, não é um militante das atividades da caridade que a Sociedade Allan Kardec desenvolve, não tenho a menor dificuldade de respeitar e de proclamar a sua importância. Tanto que ontem, revendo alguns documentos em minha casa, encontrei um livrinho antigo - não tão antigo como a Sociedade -, e que convivi com ele, pelo menos, uns 30 anos. Quem o levou para minha casa foi a minha esposa. Esse livrinho tão simples, editado há tanto tempo, por que o trago nessa hora? Provavelmente eu esteja trazendo aqui a saúde espiritual dos meus filhos, até mesmo a saúde material, porque até hoje todos os remédios que os meus filhos ingeriram - e eles têm 17 e 14 anos - não foram buscados na Andrade Neves, na Sociedade Allan Kardec. Foram buscados um pouco mais acima, no Ateneu. As bolinhas, aquelas da homeopatia, fruto da postura da minha mulher que é, essa sim, espiritualista Kardecista, absolutamente convicta. Então, como muito bem disse o Dr. João Antônio Dib, o mais experimentado Vereador da Casa, homem de grande biografia, grande história, ex-Prefeito desta Cidade, seria ousadia nossa querer, na presença de todos os Senhores e Senhoras, discorrer sobre a Doutrina Espírita. Tanto que ao manusear este livro antigo e ver anotações importantes como aquela que nos diz que a Sociedade Espírita Allan Kardec foi fundada em 13 de junho de 1894 e que foi reconhecida de utilidade pública pela Lei Municipal 2136, de 29/11/60, e pelo Decreto Federal nº 660, de 08/02/1962, e que tem por objetivo difundir a doutrina dos espíritos e a prestar serviços assistenciais. E numera os serviços assistenciais da Sociedade Allan Kardec, serviços que vem prestando ao longo desses 100 anos, passando pelo dispensário homeopático, pelo consultório médico alopático, pelo gabinete odontológico, pelo roupeiro, pelas aulas de corte costura e pelas caixas de auxílio aos necessitados. Mas se isso é importante para que eu possa, resumidamente, apresentar as características fundamentais da Sociedade Allan Kardec, que hoje estamos homenageando, para que as apresentando, elas se insiram nos Anais da Casa por serem marcantes na vida da sociedade durante todo esse tempo.

Importante, ainda, será referir-me agora sobre algumas recomendações que neste livro estão contidas, elementares, como aquela que recomenda a dieta para todos os que desejam conservar a saúde, e onde na primeira recomendação diz o seguinte: “Cumprir fielmente os preceitos de higiene física”, para, logo adiante, acrescentar: “Cuidar da higiene mental, tornando a mente construtiva, para eliminação dos pensamentos do egoísmo, medo, ódio e inveja”. Ora, esse preceito da dieta para a boa saúde física não pode, de modo algum, permitir que alguém deixe de reconhecer um fato que nem o mais sábio dos sábios poderia fazer, e que hoje, felizmente, é proclamado  por pessoas que, desenvolvendo a atividade científica  na área médica, como o Dr. Henrique Fontana, não têm a menor dificuldade de proclamar a importância daquele apoio espiritual que a pessoa recebe no momento da dor, no momento da dificuldade, no momento de deficiência da saúde física. Aquela presença que, vez que outra, todos, ou quase todos, realizam nos pronto-socorros espirituais, aquela assistência que vão buscar, e que às vezes, quase por milagre, cura males que a ciência médica não havia conseguido realizar. Nesse mistério, que não é mistério, porque a decorrência da fé é a decorrência do cumprimento de preceitos sadios, está todo um processo que, seguramente, para muitos jamais será possível alcançar, jamais será possível atingir. Necessárias se tornariam indagações outras para se alcançar a razão pela qual esses fenômenos ocorrem, e ocorrem com tanta freqüência. Mas o que é relevante hoje ressaltar é que essa Sociedade é o desabrochar do Kardecismo aqui em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ao completar 100 anos, propicia e enseja essas elucubrações que aqui se realizam, quando homens de formação diversificada, desde a formação jurídica  do Ver. Nereu D’Ávila, médica do Ver. Henrique Fontana e a de engenharia do Ver. João Dib,, encontram-se. Todos, de uma forma ou de outra, são levados a indagar sobre essas situações. Quando isso ocorre, quando essas indagações se realizam, avoluma-se a convicção de que nós já partilhávamos dela há mais tempo. Entidades como a Allan Kardec, que festejará seus 100 anos de existência, além da importância na difusão da Doutrina Espírita, na realização dos objetivos maiores do espiritismo, em que se inclui a caridade, multiplicam seus objetivos e permitem, no seu dia-a-dia, que todos se aproximem e encontrem a consumação e a comprovação de seus objetivos: ser aberta ao próximo; permitir que a máxima bíblica “amar ao próximo como a si mesmo” se realize. Isso me dá o conforto, a tranqüilidade, a serenidade de saudar os dirigentes da Sociedade Allan Kardec, saudar a todos que se vinculam a essa entidade, dizendo-lhes, respeitosamente, que a Sociedade Allan Kardec é aquela entidade que, se não existisse precisaria ser criada. Mas, felizmente, ela existe e haverá de existir por muito mais tempo, fazendo o bem, fazendo a caridade, desenvolvendo o amor ao próximo e fazendo com que pessoas, das mais diferentes situações, possam fazer o que hoje, coletivamente, estamos fazendo: reconhecer que é, exatamente, nessa conjunção espírito-matéria, que está toda a indagação da vida humana. Infelizes daqueles que, cuidando apenas da matéria, pretendem desconhecer as transcendentais verdades que Allan Kardec nos ensinou. Não preciso enumerá-las. Todos sabem, conhecem, divulgam e mais, transmitem de geração para geração, através do trabalho permanente que nesses 100 anos a Sociedade Allan Kardec realiza na Cidade de Porto Alegre. Deus, o Supremo Criador, vai permitir, vai ensejar e criar até condições para que ela continue existindo, porque assim, aqueles que acreditam no amor e na caridade terão um lugar onde poderão praticar.

Meus cumprimentos, Sr. Presidente, e a todos os integrantes dessa Sociedade que hoje são homenageados nesta Casa, onde nós, respeitosamente, reconhecemos toda essa gama de grandes serviços que a sociedade e a comunidade de Porto Alegre e do Rio Grande recebem da nossa Sociedade Allan Kardec. Muito obrigado pela presença de todos e os mais efusivos cumprimentos, em meu nome  e do meu Partido, o da Frente Liberal, que respeitosamente os homenageia nesta tarde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Dorval Pereira da Silva, Presidente da Sociedade Espírita Allan Kardec.

 

O SR. DORVAL PEREIRA DA SILVA: (Saúda os componentes da Mesa.) Srs. representantes dos diversos partidos que me antecederam e que tanto nos comoveram com as lembranças e colocações que fizeram. Meu caro companheiro de ideal espírita, Ver. Nereu D’Ávila; demais representantes desta Casa, presentes nesta solenidade; Companheiros do ideal espírita, Companheiros representantes de algumas coirmãs, presentes nesta solenidade. Aqui estamos recebendo esta homenagem. Comovidamente,  ouvimos os diversos oradores que aqui nos antecederam. Vamos dizer que esta homenagem que os dignos representantes do povo de Porto Alegre resolveram prestar a nossa Sociedade Espírita Allan Kardec ao transcurso dos 100 anos de sua fundação repercutiu agradavelmente em nossa Casa, ficando demonstrado, mais uma vez, o alto espírito de compreensão e justiça imperante nesta Câmara, sempre voltada para os superiores interesses da coletividade porto-alegrense, demostrando, também, por outro lado, que realmente acompanham o que se faz nesta Cidade no campo assistencial, razão, sem dúvida, desta homenagem.

Pedimos permissão para, num tempo relativamente rápido, tecer algumas considerações sobre a nossa Sociedade e o que seja uma casa espírita, como lá entendemos e como lá, realmente, procuramos praticar. Antes, vamos lembrar o acontecimento em 13 de julho de 1894, como também já lembrou o nosso caro Ver. Nereu D’Ávila. Foi um pugilo de fortes, dirigido pela vontade indomável de Joaquim Xavier Carneiro, ele, mais três homens e uma mulher, numa época em que era preciso muito desassombro para ser espírita e mais coragem, ainda, para arrestar uma crítica destruidora do ambiente, se um tal se expusesse de público. Foram cinco pessoas que valem por um símbolo, em memorável sessão preparatória, fundaram a nossa Sociedade Espírita Allan Kardec. E se hoje, aqui estamos recebendo esta homenagem, comemorando estes 100 anos, foi porque eles não fraquejaram, eles não se deixaram vencer pela crítica, pelas perseguições, até, que, sem dúvida, enfrentaram numa época de profunda intolerância religiosa. Eles e aqueles que o seguiram nos primeiros tempos jamais se deixaram vencer pelo desânimo, jamais se deixaram vencer pelas perseguições de que foram vítimas, pois hoje compreendemos bem como eram as coisas naquela época com relação à Doutrina Espírita. Isso foi ressaltado até pelos nobres Vereadores que usaram a Tribuna.

Nesses 100 anos passados, a nossa Sociedade tem seguido fielmente o lema do seu patrono, o insígne mestre francês Denizaire H. Rivail - trabalho, solidariedade sob tolerância. Sem dúvida, segundo esse lema é que a nossa Casa pôde atravessar esses 100 anos recebendo hoje esta homenagem e o reconhecimento da população desta Cidade. No segmento de tão luminosa trilha, não poderia deixar de procurar como efetivamente vem procurando desenvolver suas atividades no campo da caridade, no atendimento aos necessitados do corpo e do espírito. Casa Espírita é um templo e ao mesmo tempo escola; escola que só tem um mestre, que é Jesus. O templo espírita é uma escola onde os freqüentadores aprendem e ensinam, aprimoram-se e se aperfeiçoam para o progresso da vida eterna, por mais humilde que seja. Deve sempre ser encarada como local de renovação mental e como objetivo a vida futura. Abriga o Centro Espírita pessoas de todas as condições sociais, políticas e de origem. Em nossa Casa, como em todas as casas espíritas, jamais perguntamos a crença ou a origem ou a tendência política daqueles que nos procuram. Não há, e nem pode haver, em um centro espírita sério e fiel aos ensinamentos de Jesus e Kardec qualquer sentimento que esteja divorciado da fraternidade. A caridade é ponto fundamental de uma Casa Espírita, caridade essa que compreende também indulgência e benevolência. E repetimos mais uma vez, se dizemos essas coisas, é porque lá nós procuramos praticá-las. Sociedade Espírita, como uma instituição, e para estar em dia com as normas do poder constituído da Terra tem que ter o seu regulamento. É preciso que tenha para representá-lo perante os Poderes Públicos e à sociedade, uma diretoria. No entanto, essa diretoria deve estar consciente de que ela ocupa, na verdade, encargos. Repetimos: ocupa na verdade encargos e não cargos. Ela está para servir e não para ser servida. Ante desertos de amarguras e sofrimentos, dores e desilusão em que o incauto se encontra, situa-se a Casa Espírita na condição de oásis, onde o peregrino cansado e abatido pela jornada adentra para refazer as forças perdidas, saciando-se na Fonte do Amor. O Centro Espírita cumpre satisfatoriamente o seu objetivo de educar, instruir e moralizar o espírito, transformando-se o Templo Espírita em escola a preencher o vazio deixado pela ignorância, racionalizando a fé, que outrora permanecia cega e vacilante por não encontrar nada além das dúvidas e dos pontos de interrogação. Muitas vezes o viajor que chega ao Centro Espírita, somente com o intuito de receber, e isso ocorre muito, realmente, desperta para a necessidade de descruzar os braços e estendê-los aos aflitos, trabalhando simultaneamente por sua reforma íntima e aprimoramento espiritual. Isso, como dissemos, ocorre muito. Por sinal, a maioria dos profitentes da Doutrina Espírita chegaram às Casas Espíritas levados pela dor, pelas dificuldades de toda ordem. Muitos receberam o auxílio, receberam o alívio e desapareceram. Mas grande maioria ali permanece, congregam-se àqueles que já ali estavam para que a Casa possa prosseguir na obra de caridade. Assim, aquela Casa erguida para servir aos propósitos divinos, completa, finalmente, seu triplo aspecto: de Templo, Escola e Oficina de Trabalho. A nossa Casa dificuldades sempre teve - não poderia deixar de ter - de ordem material, ao longo desses 100 anos. Mas jamais fechou o seu atendimento às criaturas necessitadas, carentes de toda ordem. Como jamais deixou de atender àquelas que ali chegam tangidos pela dor, pelas dificuldades de ordem psíquica e moral. Nem pelas dificuldades que tivemos de enfrentar, nós deixamos de atender as criaturas que nos procuravam em nossa Casa, na Sociedade Espírita Allan Kardec. Os necessitados do corpo e do espírito jamais adentraram a sua porta sem que recebessem auxílio, tanto de ordem material, como de ordem espiritual. Esses nem sempre encontram uma solução imediatista, que todos buscam, mas jamais deixaram de receber o consolo e a solidariedade fraterna. É aquilo que aqui tão bem se referiu o Ver. João Dib.

Cem anos se passaram, ao contrário da pessoa física, não é muito para uma entidade, principalmente para uma entidade espírita. Ela não envelhece jamais; passam os seus dirigentes, os seus trabalhadores que com ela colaboram. O que faz é cada vez rejuvenescer, dentro do ideal que acalenta, que é o serviço ao próximo. Por isso, é que jamais nos faltou o auxílio divino. A casa espírita e os profitentes da Doutrina Espírita têm um dever, que considero inalienável: o dever de servir.

Por isso, sempre entendemos e tivemos presente as palavras do Cristo, quando foi defrontado com uma sofredora: “vem, na casa de meu pai, jamais falta esperança”. Isso é o que nós temos procurado, ao longo de cem anos, transmitir a todos àqueles que procuram alívio para suas dores e dificuldades de toda ordem.

Assim, a nossa Casa, sem orgulho nenhum, vem recebendo o apoio e a solidariedade da população de Porto Alegre que nos procura, e que cada vez mais enchem a nossa Casa, tanto que aqui foi lembrada pelo Ver. Nereu D’Ávila. Já construímos o núcleo número um que funciona na Rua Cel. Fernando Machado para onde estamos transferindo muitos dos nossos trabalhos, porque na nossa velha sede de quarenta e oito anos, na Rua Andrade Neves, não comportava mais e ali não é mais possível ampliar. Estamos no limite do que poderia ser construído e o espaço físico, apesar de não ser pequeno, é pequeno para o número de criaturas que procuram o auxílio da Casa. Estamos construindo um edifício, um lar para idosos, já em fase adiantada de construção e que, talvez, possa ser concluído ainda este ano, se as condições financeiras permitirem, é claro. Finalizando, queremos deixar o nosso mais profundo reconhecimento, a nossa gratidão a esta Casa e aos prezados Vereadores que unanimemente aprovaram a proposição do nosso querido Nereu D’Ávila. A Direção da Mesa os nossos cumprimentos. Queremos dizer que esta homenagem vem representar para nós um estímulo e também um reforço ao nosso desejo de servir a nossa proposição permanente de auxiliar as pessoas necessitadas. E certamente que jamais nos faltará, como não tem faltado até agora ao longo destes cem anos, o auxílio do mundo maior, que tem permitido que a Casa cresça na tarefa de auxiliar, e certamente crescerá cada vez mais, se aqueles que lá permanecem, que vierem depois de nós, prosseguirem fiéis aos ensinamentos de Jesus e Kardec, e certamente que farão. Ela poderá e deverá entrar rejuvenescida agora no seu segundo século, e que Jesus continue amparando a nossa Casa; é o que pedimos em toda parte e permanentemente. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria, inicialmente, de cumprimentar o Ver. Nereu D’Ávila pela sua proposição, pela iniciativa desta homenagem; queremos cumprimentar os Senhores presentes, especialmente, o nosso Presidente, Sr. Dorval da Silva; e cumprimentar a nossa aniversariante, parabéns pelo aniversário da Sociedade Espírita Allan Kardec.

Convido os Srs. Vereadores para uma Sessão Solene que se desenvolverá às 19 horas.

Muito obrigado a todos que aqui compareceram.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h50min.)

 

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